sábado, 28 de março de 2020

Amor, Ódio, Tristeza e outros sentimentos que todos sentimos




O Amor é uma utopia inalcançável tal como todas as outras, é impossível vivermos permanentemente em amor, assim como é impossível vivermos permanentemente em felicidade... O amor é o contrário do Ódio que nos seus extremos se tocam, a felicidade é o contrário da tristeza, cabe ao homem no seu livre arbítrio fazer as suas escolhas e pode durante a sua existência viver mais em amor ou mais no ódio, alcançar mais vezes a felicidade ou mais vezes a tristeza.... é tudo livre arbítrio, muitas vezes pensamos que estamos a caminhar para a felicidade e cada vez ficamos mais tristes, outras vezes pensamos que estamos a fazer um caminho de amor e mais não fazemos do que espalhar inimigos por onde passamos.... 


Hoje por problemas que todos conhecem tenho um olhar final sobre a minha vida e isso faz-me também muitas vezes olhar para tudo de cima como se estivesse a pairar sobre a minha vida e as dos outros e parece-me que neste momento tenho muito mais lucidez sobre a vida talvez porque em certo aspecto eu já esteja e me sinta de partida e isso dá-me um sentimento de avaliação sobre a minha vida e sobre tudo, e, o que vejo, é que muitas vezes as pessoas (eu incluído) agarram-se a utopias mais ou menos radicais: de amor, de politica e praticamente todas as coisas e pensam que se pode alcançar a perfeição, a bondade, a liberdade, e outras "dades". Passamos a vida a criticar os outros no pressuposto que nós somos melhores que eles mas na prática todos sem excepção, somos prisioneiros das escolhas que fizemos, muitas vezes amarrando irremediavelmente mais a corda ao invés vez de nos libertarmos....falamos dos outros como se fossemos perfeitos, cheios de virtudes em todo os aspectos e é só virar o pano e olhar rapidamente os bastidores para se verem os pés de barro, todos queremos ser perfeitos, infinitamente bons, amigos dos outros, etc e etc. 

As redes sociais permitiram que cada um escolhesse um personagem perfeito e mostrasse na rede aquilo que queria para construir esses personagens.... mas meus amigos, nós homens, somos bons mas também somos maus, somos amigos dos outros mas também somos invejosos e cobiçamos as vidas alheias, e odiamos (muitas vezes secretamente e por vezes inconscientemente), tentamos ser justos e logo a seguir em pequenos gestos cometemos grandes pecados e destruímos, em segundos, aspetos singulares das nossas virtudes, falamos dos ricos que tudo querem e não distribuem nada aos outros e depois fugimos a impostos a torto e a direito, se não fugimos mais é porque não podemos e para nos ressalvarmos dizemos que o estado ia gastar o nosso dinheiro mal gasto... todos, todos sem excepção somos maus, avarentos, invejosos, odiosos e todos esses maus caracteres que sabemos que existem, até certo ponto, é normal termos em nós todos esses aspectos, eles foram-nos transmitidos pela nossa herança genética....

Mas então se temos esta herança genética de amor e maldade, de generosidade e avareza, de santo e de pecador, de puros e criminosos, como podemos viver com esta herança? Aí entra a nossa educação social e tudo o que nos foi transmitido pelos nossos pais e família, professores, mestres e no fundo tudo o que a sociedade nos transmitiu sob as mais variadas formas, tentamos fazer as nossas escolhas, encontrar o nosso o caminho, umas vezes mais perto da perfeição outras mais longe, sobretudo fazermos o que pudermos e conseguirmos, e não fazer disso um dogma ou uma porta intransponível, termos consciência que não somos perfeitos e agir em função disso, fazermos o que a nossa consciência no diz em cada momento, claro que há pessoas que estão muito, muito perto do amor, mas serão equilibrados? há outros que vivem de mão dada com o ódio mas são com toda a certeza desequilibrados.

Muitas coisas que nos foram acontecendo ao longo da vida, não dependeram de nós, umas boas, outras más, será predestinação? será apenas a lei do acaso? até hoje não consigo responder com certezas a essas perguntas. Por vezes houve sucessões de acontecimentos que sob determinada perspectiva parecem ter sido fruto de algum raciocínio ou terem um determinado nexo ou finalidade, houve coisas más que me aconteceram que me levaram a conhecer outras filosofias de vida que parece terem sido a preparação para eu aceitar aquilo que havia de vir.... No entanto, os mesmos acontecimentos vistos por alguém que não crê em coisas transcendentais mais não vê que apenas uma sucessão de acasos.... Esta pergunta nunca terá resposta e é inutil esforçarmo-nos por procurar a verdade porque ela não é alcançável.... Em vez de procurar respostas hipotéticas para tentar compreender o sentido da vida e da existência, procuremos antes analisarmo-nos interiormente, fazer um inventário moral das nossas atitudes e sentimentos e se formos honestos nesse inventário vamos encontrar muitas coisas imbecis e insanas que estão quase sempre relacionados com o excesso de ego/falta de humildade e como dizia uma amiga minha, onde há Ego não há Deus... porque não há espaço.... O nosso Ego consome todo o espaço na nossa mente....

Depois de efetuado esse inventário começamos a desconstruir todas ou pelo menos a maioria das nossas imbecilidades e podem  crer que são muitas e começamos a ver o verdadeiro sentido da vida e das coisas que nos rodeiam, conseguimos perceber que muitas das  coisas más que nos acontecem nos melhoram enquanto seres humanos e começamos a entender até as imbecilidades alheias... mas não tenham ilusões... este é um caminho para toda a vida nunca está completo e quando pensamos que estamos quase perfeitos damos conta que estamos a recair nos velhos hábitos.... é humano, é a nossa natureza e também temos de admitir que nunca seremos perfeitos, senão caímos na imbecilidade de querer ser perfeito.....

Neste aspecto consegui verificar que apesar de todas as coisas que me foram acontecendo, fruto ou não de um poder superior a nós ou do mero acaso, eu fui fazendo as minhas escolhas na vida que tive até aqui, umas boas, outras más, umas melhores, outras piores e percebi que muitas das coisas que me aconteceram não as podia modificar, porque eram alheias a mim.... e, o mais importante é que percebi que a única coisa que eu podia ter feito era modificar-me a mim mesmo.... umas vezes consegui, outras nem sequer tive consciência que podia ter me modificado e outras vezes tive consciência mas o meu ego não conseguiu baixar a garupa e aprender a ser humilde.... são estas coisas que encontramos quando fazemos introspeção interior no passado.

Portanto cabe-nos a nós escolhermos o caminho e esse caminho é que vai determinar o que vamos viver..... Eu apenas posso dizer que fui feliz a maior parte das vezes quando não procurava a felicidade, encontrei o amor quando também não o procurava, a mensagem que quero deixar é que deixem de procurar, abram o vosso espirito sem querer nada pois as coisas boas da vida, como o amor acontecem, não quando as procuramos mas sim quando as deixamos entrar..

6 comentários:

  1. Belo texto Francisco, não há pessoas perfeitas e é no equilíbrio de todos os sentimentos que conseguiremos estar mais próximos da felicidade. Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Muito Bom! Podemos tentar alterar a nossa forma de Ser, só precisa querer.
    Respeito pelo próximo. Sempre. Abraço

    ResponderEliminar
  3. Gostei! Não há doutrinas perfeitas...nem donos da verdade. A empatia deve ser um bom caminho.Abraço

    ResponderEliminar
  4. Parabéns Zé . O caminho está em nós e dentro de nós . Excelente texto

    ResponderEliminar
  5. Muita lucidez...!
    Obrigada Francisco, pelas palavras....
    Concordo... a viva vai-nos mostrando o caminho deixemos de o procurar, sejamos humildes e receptivos, deixemos acontecer.
    Obrigada por tudo o que me tens ensinado. Fica bem

    ResponderEliminar
  6. "...e, o mais importante é que percebi que a única coisa que eu podia ter feito era modificar-me a mim mesmo....";"...as coisas boas da vida, como o amor acontecem, não quando as procuramos mas sim quando as deixamos entrar.." Mensagens tão sábias Francisco.Obrigada. Abraço imenso do tamanho do Universo. Tudo de bom.

    ResponderEliminar