quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Perú mais um sonho tornado realidade!



 

Em meados de Junho depois de ter recebido o resultado do TAC, com resultado "estável", ou seja um leve crescimento de um gânglio mediastinico que já teve outras variações no passado, fiquei bastante feliz e com "carta de alforria" para mais uns 5 meses, pelo que imediatamente fui procurar um destino para ir de férias, pois há que aproveitar enquanto posso... a mudança de medicação pode vir aí já no próximo tac, não há tempo a perder...

Um dos destinos que tanto eu como a minha mulher sempre havíamos sonhado era o Peru e o seu famoso Machu Pichu, e claro o caminho Inca... então mãos à obra! pesquisas na internet, preços, opções, formatos da viagem... e acabamos por optar por uma agência de viagens de aventura de Barcelona com uns preços bastante atrativos e um formato de viagem que encaixava perfeitamente nos nossos anseios, uma parte da viagem de conhecimento e visitas históricas aos locais mais emblemáticos do país e como opção 4 dias de trekking no caminho inca, perfeito!

Assim, no dia 12 de Agosto embarcámos rumo a Madrid para depois acedermos ao voo contratado pela agência Madrid-Lima. Para aproveitar os preços e ficarmos com tempo para a ligação que seria apenas às 00h30m partimos de Lisboa as 6h50m de Lisboa e ficámos assim com um dia inteiro em Madrid sem ocupação, guardámos as bagagens e partimos para o centro de Madrid para uma caminhada urbana pela cidade que apesar de já conhecermos sabe sempre bem principalmente quando se entra no 1º dia de férias e assim passámos um dia bem divertido que além da celebres sandes de presunto serrano ainda contemplou churros com chocolate quente num dos locais mais tradicionais da cidade.


Praça Mayor de Madrid



Por volta da meia noite e meia partimos numa viagem de 12 horas e meia que apesar da duração acabou por ser tranquila e relativamente fácil pois foi toda ela feita de noite. Chegámos a Lima pelas 6 horas da manhã, a guia esperáva-nos no aeroporto, tivemos oportunidade de conhecer o resto do grupo constituído por 8 pessoas: nós, 4 catalães, uma madrilena e uma valenciana, um grupo espetacular e muito heterogéneo, o que proporcionou uns excelentes dias de férias. Descansámos um pouco no hotel e a meio da manhã vieram buscar-nos para a visita a Lima onde pernoitamos nessa noite. Lima não é uma cidade muito bonita, o clima caracteriza-se por uma névoa quase permanente, fruto de um microclima do pacifico, temperaturas amenas apesar de ser inverno e sem grandes monumentos pois é uma cidade colonial relativamente moderna.





No dia seguinte partimos para Arequipa, uma das maiores cidades do Peru e uma das mais ricas e desenvolvidas. É uma cidade bonita, clima ameno, já a 2.300m  de altitude, à sombra do fotogénico vulcão Misti. Tivemos sorte pois era de dia de festa da cidade, comemoravam o aniversário da fundação da cidade pelos espanhóis. O centro histórico é bastante bonito, construído numa pedra vulcânica local clara o que dá um ar claro e luminoso à cidade.



Convento de Santa Catalina

 

Fachada de Igreja em estilo local




O Vulcão Misti
Praça de Armas


Aqui passámos dois dias em prazeres gastronómicos fabulosos, aliás tenho a dizer que a parte gastronómica foi muito boa durante toda a viagem. Depois de 2 noites em Arequipa, partimos com destino ao Cañon de Colca, um desfiladeiro muitíssimo profundo (4.160m) mais do dobro do Grand Canyon, de onde se podem observar facilmente o voo dos condores.


Saida de Arequipa com os vulcões ao fundo

Algures no deserto entre Arequipa e Colca com o vulcão Misti ao fundo



Partimos então de Arequipa e subimos as montanhas até aos 4.910m, no miradouro dos vulcões para apreciar a paisagem e ver o fumo de um vulcão em atividade. Pelo meio passámos por um deserto montanhoso e em seguida pela reserva nacional das Vicuñas, um animal parecido com as Lamas e as Alpacas,  mas que bive em estado selvagem.


Vicuñas




Nesta viagem de autocarro, subimos dos 2.300m para os 4.910m o que provoca necessariamente efeitos de altitude no corpo que podem ir de umas leves tonturas ao mal de montanha agudo, dependendo de pessoa para pessoa e de uma série de fatores muito complexos e pouco conhecidos. Para evitar isto já os Incas mascavam folhas de coca, uma planta arbustiva da qual se extrai um dos componentes da cocaína (uma droga alcaloide estimulante) mas que consumida em folhas não passa de um inofensivo produto natural que aumenta a resistência e energia e sobretudo ajuda a evitar o mal de altitude. Assim, no Peru na região andina é normal a venda de folhas de coca, infusão ou chá de coca e até caramelos de coca! Pois nesta viagem, escusado será dizer que, mascámos folhas de coca, parámos no caminho para beber um chá de coca e comemos caramelos de coca... de forma que chegámos aos 4.910 metros num estado bastante aceitável.


Miradouro dos Vulcões



 
Vulcão Sabancaya



Claro que quando saímos do autocarro no miradouro dos vulcões a primeira sensação é uma leve sensação de cabeça a andar à roda mas como não demorámos muito tempo, apenas o necessário clicar umas fotos e descemos logo para Chivai, a capital do vale de Colca a 3.700m, rapidamente normalizámos até porque estava a nossa espera um buffet de comida típica enorme cheio de iguarias desconhecidas e deliciosas que fiz questão de provar todas....

Depois de almoço alguns elementos do grupo foram-se deitar pois estavam um pouco mal com os efeitos da altitude mas como eu a minha mulher estávamos bem fomos até às termas de chivai onde passámos a tarde a descansar juntamo-nos ao grupo ao jantar pois já tinham recuperado e nós estamos prontos para mais... e mais uma vez havia festa, em Chivai, uma festa religiosa que mais parecia uma festa pagã, onde se misturam alegremente sincronias incas e cristãs.







 



No dia seguinte, saímos logo pela manhã, bora lá ver os condores no desfiladeiro! e não é que os vimos?


Cañon de Colca


 Aí estão eles!





O condor andino é a maior ave voadora do mundo e pode chegar a uma envergadura de asas de mais de 3 metros, pode chegar a pesar 14 quilos e voar até 300 km por dia. Foi venerado pelos Incas e ainda hoje faz parte da trilogia religiosa andina


Vale de Colca



Depois de mais um belo almoço de comida peruana partimos para Puno cruzando o altiplano andino sempre a mais de 4.000 metros com paisagens áridas mas ao mesmo tempo belas.


Altiplano Andino - rebanho de alpacas


Chegámos a Puno ao final da tarde, a tempo de um bom descanso no hotel. À noite quando saímos para jantar, toda a cidade se encontrava em festa!



Depois de assistirmos a este belo desfile e jantarmos divinamente num restaurante típico de Puno, fomos dormir o sono a que já tínhamos direito. E no dia seguinte apanhámos o barco no lago Titicaca com destino às ilhas flutuantes de Uros.

O lago Titicaca fica na fronteira entre o Peru e a Bolívia, tem cerca de 8300 km² e é considerado o lago navegável mais alto do mundo, visto que sua superfície está a 3.812 metros acima do nível do mar.




As ilhas dos Uros são ilhas flutuantes artificiais construídas com o junco chamado totora, existem evidências da existência dos Uros já desde a era pré-colombiana, quando um povo desenvolveu esta forma de habitação tendo em vista maior segurança. As ilhas são feitas à base de totoras, sendo necessário um trabalho constante de manutenção para assegurar a flutuabilidade das ilhotas.



Uma das ilhas flutuantes




  





Depois desta maravilhosa experiência continuámos a nossa viagem de barco até à península de Capachica onde nos aguardava a família de Calixto para passarmos o resto do dia com eles, jantarmos e dormirmos no seu alojamento local, com condições idênticas a uma família rural peruana no lado Titicaca.

Fomos recebidos pelo Callixto, esposa e filha, serviram-nos o almoço, sopa de quinoa e frango cozido, uma cerveja arequipeña, uma refeição simples mas apetitosa, seguida de uma sessão de provas de roupa tradicional que se tornou um momento bem divertido para todo o grupo.

A família de Calixto


A sessão de trajes tradicionais






 
  

Ao final da tarde uma pequena caminhada ao monte mais alto da península, com um belo miradouro sobre o por-do-sol. Depois do jantar fomos até aos nossos alojamentos bastante modestos, frios e com 4 cobertores pesadíssimos, fez-me recuar aos tempos de infância quando íamos passar o natal ao Alentejo... bons momentos.
No dia seguinte tomámos o pequeno almoço com umas belas panquecas feitas pelo próprio Calixto, simplesmente deliciosas. Em seguida voltámos ao barco para uma visita à ilha de Taquile onde o tempo parou e as pessoas vivem ainda de acordo com os costumes do Lago Titicaca.



Ao chegarmos à ilha, deparámo-nos com uma uniformidade incrível na forma de vestir de homens, mulheres e crianças. Aqui uma das maiores qualidade dos homens, é o saber tricotar, condição essencial para conseguir obter noiva para casamento. É uma cena habitual encontrar homens com agulhas a tricotar pelas ruas, tricotam os próprios barretes com 5 agulhas.... 
Avô a tricotar e neta a vender artesanato

Percorremos a ilha a pé num belo passeio, com um almoço típico pelo meio, onde comemos os pratos típicos da ilha, truta frita e tortilha de ovos

Praça principal de taquile



Arcos típicos das ilhas do Tititcaca


Estes caminhos encontra-se por toda a ilha e ligam todas os lugares e portos



A imensidão do Lago Titicaca






 E assim finalizamos a visita à ilha de Taquile, retomámos ao barco com destino a Puno.


Marina de Puno


No dia seguinte partimos para Cusco, numa viagem de autocarro turístico com diversas paragens de visita a museus, ruínas incas, a famosa capela sistina da América do sul entre outras.




Paragem a meio das montanhas Andinas a cerca de 4.500 metros, La Raya


Paragem para almoço num parque com lamas e alpacas





Ruínas de Raqchi, templo dedicado ao deus Wirachoca





Igreja de San Pedro de Andahuaylillas, a chamada capela sistina das Américas. O interior desta igreja é realmente quase comparável à capela sistina do Vaticano, tal é a decoração do seu interior.





Imagens do interior da igreja retiradas da internet, pois é expressamente proibido tirar fotos







Por fim chegámos a Cusco, um cidade grande com um centro histórico muito bonito. Cusco é considerada a cidade mais antiga da América, foi capital do império inca e sede do governo, o seu nome em quechua quer dizer "Umbigo do mundo". Quase todo o centro histórico está construido sobre os alicerces e ruínas de construções incas, sob um dos mosteiros mais importantes da cidade estão as ruínas do templo do sol.

Vista geral de Cusco

Convento de Santo Domingo construido sobre o tempo do Sol


Catedral de Cusco

Balcões tradicionais na praça de armas de Cusco

No dia seguinte fomos visitar os monumentos incas mais importantes ao redor da cidade, o templo da água Tambomachay.
Tambomachay, templo da água

A fortaleza de Puca Pucara.








E por fim a fantástica Sacsayhuaman, com os seus blocos ciclópicos!




Almoçámos em Cusco mais um lombo de alpaca com molho de maracujá simplesmente divino!




Cusco - Praça de Armas

No dia seguinte levantamo-no cedo pois os guias foram-nos buscar ao hotel para irmos fazer o caminho inca, mas essa parte vai no próximo artigo que este já vai longo....