terça-feira, 11 de setembro de 2018

Não tenho medo da morte!

É verdade... a morte em si não me provoca medo.... o que está para além da morte?... não sei porquê mas isso ainda muito menos medo me provoca... Nem sequer ocupo tempo a pensar o que será que vem depois... é irrelevante... se não houver vida depois da morte, é um clique.... apaga-se se a luz e acaba-se tudo... literalmente... é o descanso e a paz eterna... Se houver alguma coisa depois da morte não tenho qualquer espécie de dúvida que será melhor do que aquilo que temos aqui... se pensarmos bem.. à nossa volta vive o sofrimento generalizado.... uns porque sofrem realmente... outros porque imaginam que sofrem mas cuja dor é tão intensa como se sofressem de verdade... uns porque alcançam quase tudo mas nunca alcançam aquilo que verdadeiramente anseiam... outros porque por mais que tentem nunca alcançam nada...
Sim porque a vida real não é o desfile de vidas perfeitas do facebook e do instagram... a vida real é a parte secreta, aquela que não se mostra a ninguém... e que muitas vezes é proporcionalmente tão negra quanto mais brilhante é a que mostram e disto amigos sofremos todos, como diria alguém... só não conta quem não quer.... por isso caros amigos não tenho dúvidas, depois da morte... a existir algo só poderá ser algo de bom....

Confesso que tenho algum medo da dor física causada pelo aproximar da morte, mas ao mesmo tempo acredito que neste momento a classe médica consegue evitar o sofrimento físico não só através de medicamentos para inibir a dor como também algum aceleramento do processo de morte quando já não há outra solução, o que quase anula o medo da dor...

Assim sendo... a morte traz me algum sofrimento? SIM, Bastante!

Para mim, o sofrimento inerente à morte é a separação, o corte, o afastamento, a despedida, sim porque o mundo não pára quando morrermos... a nossa morte é completamente ignorada pelo carrossel da vida... nada pára, nada acontece quando morremos, nós partimos... apenas... uma partida irremediavelmente sem retorno... e sim... sofro bastante com isso... todos sofremos, os que partem e os que vêem partir... mas quem parte não volta mais.... e penso muitas vezes no que vou perder... os sorrisos, os gestos, as vidas, as histórias dos meus familiares mais diretos, como vai ser a vida deles...como vão ser os filhos deles... tudo, tudo o que eu já não vou poder assistir... o desligar dos meus entes queridos... essa dor dilacerante que vou sofrendo todos os dias um bocadinho... como se eu vivesse um desligar contínuo e progressivo mas ao mesmo tempo sem progressão alguma porque por mais que tente o desapego ele não acontecerá enquanto eu viver.... sim, porque eu posso me desapegar das coisas materiais... mas das pessoas não tenhamos ilusões....ninguém no seu perfeito juízo consegue tal proeza com os seus entes queridos vivos... é impossível, é humano...

Assim, vou por vezes antecipando a minha morte na medida em que tenho perfeita consciência que vivo um processo de despedida... embora o tente relativizar no dia a dia, ele está sempre presente, tal como a doença... já me custou mais... neste momento são apenas pensamentos serenos, um pouco tristes mas serenos e às vezes consigo mesmo ter um pouco de alegria principalmente quando tento congelar na memória os momentos felizes com os meus entes queridos... nessas alturas é um misto de serenidade, tristeza e contentamento... é difícil explicar.. mas não é de todo mau....é o meu caminho....

Cada um trilha o seu caminho da melhor forma que consegue... eu vou trilhando o meu conforme vou conseguindo, uns dias melhor... outros pior... mas o tempo trata de relativizar as coisas, de reduzir os impactos, de nos propiciar uma certa aceitação ou outras vezes uma espécie de resignação que acabam por nos serenar e conseguir fazer pensar nas coisas com bastante menos sofrimento e por vezes anulando-o mesmo por completo... são momentos é certo... mas a vida é feita de momentos...

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