quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Caminho Inca de Salkantay

Dois dias antes quando chegámos a Cusco tinha vindo falar connosco a equipa da parte do trekking que tínhamos como opção na nossa viagem e ficámos admirados pois como só nos os dois tínhamos essa opção pensámos que seríamos integrados noutro grupo de trekking o que não nos provocava qualquer tipo de problema mas eis senão o nosso espanto quando nos dizem que o grupo seria formado apenas por nós, pelo guia, um cozinheiro e um arreeiro que trataria das cargas, montagem das tendas e das mulas que levavam a carga... wow! isto sim era uma aventura perfeita....



1º DIA

Ainda era noite em Cusco quando nos levantámos, no dia anterior tínhamos deixado tudo a postos de pegar e seguir... uma mala de trekking só com as coisas que íamos necessitar para fazer o caminho inca a ser transportado nas mulas, uma mochila para as coisas diárias, um par de botas de montanha e um par de bastões que nos acompanham sempre neste tipo de viagens...
Quando saímos ainda não serviam o pequeno almoço, o guia e o cozinheiro esperavam-nos na receção do hotel e lá fomos no mini bus da empresa de trekking direito às montanhas até uma aldeia de nome Molepata...

Este caminho inca de Salkantay apareceu-nos como alternativa, pois o nosso objetivo inicial era o caminho inca clássico e histórico que percorre um trilho de selva e de media montanha com uma altitude máxima de 4.200m, muito conhecido e considerado como um dos mais belos e interessantes do mundo para trekking. Mas este caminho tem muita procura e quando compramos a viagem já estava esgotado pelo que tivemos de optar pelo caminho de salkantay que deve o nome à montanha de Salkantay e, pelo que pesquisei previamente não fica muito aquém do outro, por onde passa e marca o inicio do parque natural de Machu Pichu.

Em Molepata parámos e tomámos o pequeno almoço tradicional quéchua, ovos fritos, pão, café e panquecas...

Acabado o pequeno almoço continuamos no transporte até um local onde nos esperava o arreeiro e duas mulas para transporte dos acessórios nossos e deles e lá partiu toda a equipa, primeiro o cozinheiro e o arreeiro e os cavalos e depois partimos nós por outro caminho mais elevado. 

À nossa frente ia-se desenhando um explêndido vale e passámos a caminhar numa levada de origem inca a qual com a paisagem circundante criava uma paisagem idílica de média montanha...




 Ao fundo a montanha de Salkantay ia-se deixando descobrir entre as nuvens....



Atrás olhámos o local onde tínhamos iniciado o trekking...



E perto da hora de almoço chegámos ao local do acampamento onde pernoitaríamos a 3.900 metros de altitude... Soraypampa! Um acampamento permanente com algumas instalações fixas, wcs, banhos e sala de refeições e espaços com uma espécie de coberturas de colmo plastificadas por dentro onde se armam as tendas ficando assim protegidas do frio, da chuva e da intempérie em geral.




Descansamos um pouco e esperamos pelo almoço preparado pelo nosso cozinheiro, uma magnifica refeição com um ótimo aspeto!









Depois de almoço, a nossa primeira barreira de dificuldade, subida ao lago Hummantay a 4.200 metros, ou seja uma subida a pique de cerca de 300 metros para ajudar a digestão... Confesso que depois de um repasto daquele não foi tarefa completamente fácil vencer a subida mas o resultado foi muito mais que suficiente para a justificar.



 












E assim visitámos a famosa laguna de Hummantay e voltámos para os nossos aposentos 5 estrelas, onde dormimos uma sesta antes do jantar... 




Depois do jantar o guia veio trazer-nos 2 sacos de agua quente de borracha que eu já nem me lembrava que existiam.... ficamos um pouco surpreendidos pois nunca nos lembrámos de tamanho aquecimento central para a tenda mas posso dizer-vos que um saco destes dentro dos nossos sacos camas térmicos preparados para temperaturas negativas.... deu calorzinho até ao outro dia de manhã....



2º DIA


Por volta das 5:00 da manhã... vieram acordar-nos à tenda, com um chá de mate bem quentinho e uma bacia de agua quente para lavarmos a cara.... meu Deus... já tinha acampado muitas vezes... mas nunca com estas condições tão principescas.... e assim foi durante os dias seguintes de trekking....

Depois de tomado um bom e completo pequeno almoço, iniciámos a nossa jornada pelo vale acima em direção à montanha de Salkantay.





Ao fundo começamos a ver os picos prateados da montanha de Salkantay, 





 E estamos já em plena alta montanha com a sua paisagem tão agreste e simultaneamente tão bela... 




Só quem sobe a estas planura sabe o que nos move e porque gostamos de estar aqui....








Daí a pouco... alcançamos os tão ansiados 4.630m, o ponto mais alto de todo o percurso, o paso de Salkantay





E mais uma vez aquela sensação de auto superação, aquela felicidade que não se explica, são os momentos de eternidade que se haviam ainda de repetir neste lindo percurso! O glaciar de Salkantay é um cenário grandioso e tudo à nossa volta nos faz sentir sensações de absoluta felicidade... O azul turquesa da Laguna de Salkantay em contraste com o glaciar, lugar único....

Festejámos com o nosso guia Heberth Choquehuanca, um excelente guia ainda muito novo mas muito profissional com um grande conhecimento da história pré colombiana que permitiu obtermos um conhecimento profundo sobre os locais que percorremos.






Depois de descansar um pouco iniciámos a descida para os 2.700m... ou seja, quase 2.000 metros de descida até chegarmos ao local de pernoita...






Mais umas 2 horas a descer e parámos para almoçar.... descansámos um pouco pois ainda nos faltava uma grande descida. Deixámos a alta montanha e entrámos no inicio da selva.... a vegetação luxuriante começou a acompanhar-nos o frio seco passou a calor a temperatura amena e húmida... diferente mas não menos belo...






A mudança de vegetação para a selva











E finalmente o nosso destino, Colcapampa, uma espécie de acampamento permanente igual ao do primeiro dia com todo o tipo de instalações de apoio, wc's, banhos, sala de refeições e claro as tendas, com a nossa já montada e os nossos pertences lá dentro..




Depois de um banho quente recuperante, descansamos um pouco, jantámos e fomos para o descanso dos guerreiros...




3º DIA


Pelas 5 da madrugada lá nos vieram bater a porta da tenda... com o mate e bacia de agua morna... um verdadeiro luxo asiático da dormida em tenda. Levantámo-nos, arrumámos os sacos que sempre deixávamos fechados dentro da tenda para o arreeiro os transportar nos cavalos. Tomámos o pequeno almoço, nasceu o sol e seguimos o nosso percurso.






















18 quilómetros percorridos plenos de pequenas subidas e descidas, algo cansativo mas também muito bonito sempre acompanhando o vale do rio Urubamba, chegámos ao local de almoço e dormida, esta jornada com menos dificuldades permitiu-se fazer mais rápida.  Depois de almoço e por sugestão do guia fomos passar a tarde às piscinas de águas termais quentes de Santa Teresa, um complexo de várias piscinas com temperaturas distintas que vão dos 30 aos 44 graus, estas termas são de águas cristalinas e sem odor porque não são aguas vulcânicas.

Escusado será dizer que passámos uma tarde digna dos deuses....













E assim se passou o terceiro dia.... e chegámos à nossa ultima noite de trekking com dormida em tenda.



4º DIA


Chegámos assim ao nosso ultimo dia de trekking com um percurso desde Santa Teresa até Aguas Calientes, povoação de acesso a Machu Pichu.  Depois de um pequeno transfer chegámos a uma estação hidroelectrica de onde parte uma linha férrea para Aguas Calientes, o nosso percurso seria sempre ao lado da linha férrea que percorre um vale sinuoso e muito profundo que circunda a montanha de Machu Pichu, trata-se de um vale de selva luxuriante muito bonito e agradável... o percurso é perfeitamente plano e sem qualquer tipo de dificuldade.














Pormenores da montanha de Machu Pichu












Cerca de 10km em ameno passeio... por entre vegetação frondosa, num ambiente já de selva, com os sons da natureza, pássaros, o rio... num cenário muito bonito... assim chegamos a Águas Calientes, e finalmente  ao final do trekking onde nos espera um quarto de hotel com todo o conforto.



Águas Calientes


Missão cumprida!


Neste dia tivemos a despedida do trekking com um belo jantar oferecido pela empresa num bom restaurante de Aguas Calientes e depois fomos descansar pois no dia seguinte teríamos que nos levantar muito cedo para atingir o nosso objetivo máximo, subir a Machu Pichu, a lendária cidade Inca.....


5º Dia - Machu Pichu


Pelas 5 da madrugada mais uma vez tocou o despertador, levantamos nos e fomos tomar o pequeno almoço e logo de seguida juntámo-nos ao guia e fomos para a fila dos autocarros que sobem a Machu Pichu, a cidade perdida dos Incas. Esperamos pelo transporte e lá chegámos decorridos uns minutos, estava quase a nascer o astro rei tímido por entre as nuvens... e maravilha das maravilhas, entrámos em Machu Pichu!!!!!!

O sol ainda não tinha despontado... éramos o primeiro contingente da manhã a entrar na cidade perdida....






Nascer do Sol sobre Machu Pichu!




Iniciámos então a visita à cidade lendária ouvindo as explicações do guia sobre a função de cada edifício e os aspetos da vida pré-colombiana nas cidades incas...










Demorámos quase toda a manhã... voltámos Águas Calientes, almoçámos e apanhámos o famoso comboio panorâmico Inca rail com destino a Olantaytambo, onde nos esperava um transfer para o Hotel em Cusco!




E assim terminou a nossa viagem ao Peru.... foram dias maravilhosos e inesquecíveis....  há uns tempos atrás pensei que não viria a ter esta oportunidade.... Hoje sinto-me imensamente grato... por ter conseguido fazer mais esta aventura e ainda bem que a fiz....!

A todos os que vivem os seus dias oncológicos sugiro que não se deixem levar pela tristeza nem pela angústia, não deixem cavalgar a autopiedade... Se continuarmos mergulhados nas teias da autopiedade os nossos olhos fechar-se-ão para a beleza de cada dia... Se insistirmos no sofrimento de ontem...e no receio da dor do amanhã, perdemos por completo a beleza do dia de hoje.....

Ao olhar o dia de hoje e disfrutarmos de tudo o que ele oferece substituímos a autopiedade pela gratidão, gratidão por ainda estarmos aqui e a disfrutar algumas coisas que gostamos ainda que seja de uma forma algo limitada....

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