Numa das minhas habituais pesquisas sobre cancro, encontrei na página do El País - Brasil um título que me chamou a atenção e no qual me identifiquei na perfeição. Como sei que este blog é lido por muitas pessoas que não têm cancro, achei que seria uma boa oportunidade para tentar elucidar as pessoas sobre aquele tipo de asserções que não têm normalmente o impacto que pretendemos quando falamos com pessoas com doença oncológica e podem mesmo ter o resultado contrário. O artigo foi feito pela Associação Espanhola Contra o Câncer (AECC) e pelo Grupo Espanhol de Pacientes com Câncer (GEPAC) e refere o seguinte:
1. “Não se preocupe, não vai acontecer nada”: O GEPAC afirma que naturalizar não é sinônimo de relativizar, afinal, “um diagnóstico de câncer é uma das situações mais difíceis, estressantes e que mais assustam nossa sociedade. Poucas doenças causam tantos problemas que afetam nos níveis cognitivo e emocional”. Não esqueçamos que ainda que hoje em dia, com os exames, diagnóstico precoce e novos tratamentos, os prognósticos sejam mais favoráveis, existem fatores como “sua cronicidade, a incerteza sobre sua evolução, efeitos colaterais dos tratamentos e conotação social da palavra câncer que geram mal-estar psicológico” .
2. “Você tem que aceitar receber ajuda”: Muitas vezes, tentando ajudar, o que fazemos é nos tornar superprotetores e nos empenhamos para criar necessidades que essa pessoa, talvez, nem tenha. Frases do tipo: “Você tem que falar com alguém”; “tem que desabafar”; “você tem que parar de trabalhar; “você tem que pedir ajuda”; ou qualquer outra que comece com “você tem que...”, segundo a AECC, “só geram insegurança no paciente. A ajuda deve ser oferecida, não imposta. Quando uma pessoa é diagnosticada com câncer, não se transforma em outra pessoa, continua sendo ela, com sua capacidade de pensar, de tomar decisões e saber o que quer e o que não quer fazer”.
3. "Se você for positivo, vai se curar": É uma das frases destacadas pelo GEPAC, porque, além de não ser correta, pode gerar uma grande frustração. Ser diagnosticado com câncer não é uma notícia positiva, e, claro, o paciente, como qualquer outra pessoa em qualquer outra circunstância da vida, terá momentos melhores e piores. “Existe uma tendência muito enraizada de pensar que a atitude que o paciente tenha durante a doença irá determinar o progresso da mesma. Portanto, é muito normal que os pacientes ouçam frases como: “Você tem que ser forte e lutar”; “você tem que ser positivo”; sua atitude faz parte da cura”; “você vai ver como tudo vai correr bem, mas depende de você”; “se estiver desanimado, a doença perceberá isso” etc., destaca a AECC. Tais comentários geram uma enorme pressão sobre o paciente, que não consegue estar sempre feliz e positivo, já que o “normal é ter medo, tristeza, raiva e desesperança, de modo que a imposição do positivismo só gera um sentimento adicional de culpa”.
4. “É a pior coisa que poderia acontecer com você”: Embora seja conveniente entender que a pessoa possa ter seus altos e baixos, o que certamente não ajuda é contribuir com nossa negatividade em seus maus momentos. “Há pessoas que confundem drama com empatia e pensam que o paciente se sente acompanhado e compreendido diante de expressões como: “Que horror passar por isso”’; “é a pior coisa que poderia acontecer com você”; “o câncer, já se sabe...”; “sua família deve estar arrasada”... Tais afirmações aumentam o medo que o paciente tem da doença e intensificam seus níveis de angústia”, afirma a AECC. O GEPAC recomenda, em vez disso, melhorar a comunicação com “ferramentas para conviver com a doença”.
5. “Não diga isso”: Muitas vezes, sem perceber, impomos à outra pessoa o que ela deve dizer, pensar ou mesmo sentir, o que a AECC explica como sendo uma “imposição de emoções que o paciente não sente e a recusa em permitir que expresse o que realmente sente”. Assim, surgem expressões como “não chore, você tem que ver a parte boa”; '”não diga isso, porque sua família tem de vê-lo bem; “você tem que estar feliz, porque foi diagnosticado a tempo”. Na opinião da AECC, “essas expressões levam o paciente a lidar com suas emoções na solidão, quando o que realmente precisa é de alguém para dizer “fale como se sente” e que não lhe interrompa, e sim valide suas emoções, sem tentar negá-las ou mudá-las.
6. “Aconteceu o mesmo com minha tia”: Hoje em dia, é difícil não ter alguém próximo que tenha tido a doença, mas nem todos os tipos de câncer são iguais, e as pessoas não o experimentam da mesma maneira. “Comparar a situação do paciente com a de outras pode ser muito contraproducente, uma vez que cada caso é completamente diferente. O paciente sabe disso e não é capaz de se identificar com outros casos.” Além disso, o GEPAC também recomenda evitar frases como “tal pessoa é fenomenal”; há um artigo muito bom que diz...”; “li que há um novo tratamento que cura o câncer...”, porque podem gerar expectativas que não estão relacionadas com a doença concreta do paciente.
Pois é meus amigos, por favor... parem de atentar as pessoas com cancro com este tipo de asserções... já tive a "felicidade" de experimentar todo este tipo de frases e as que mais detesto são "Se você for positivo, vai se curar", “Aconteceu o mesmo com minha tia” e “Não diga isso” e posso vos garantir que o sentimento não é bom e o que acontece é eu não continuar a conversa porque alem de ser inútil leva-me a espaços onde não me sinto bem e então corto e mudo de conversa.... até porque se me opuser a outra parte vai aumentar a ofensiva e as coisas ficam ainda piores...
Primeiro, cada tipo de cancro é distinto e não tem comparação com os outros que conhecemos... nem nas características, nem no tratamento, nem na progressão da doença, aliás... o mesmo tipo de cancro tem evoluções distintas em cada caso, pois a complexidade é tão grande que até o tecido onde o tumor se forma, tem influência na progressão..... depois caiam na realidade, o positivismo não cura..., o cemitério está cheio de pessoas que acreditavam que se iam curar.... e parem de dizer as pessoas com cancro o que elas devem dizer e pensar... é inútil e deixa as pessoas angustiadas...
Por fim quero pedir desculpa a todos o que leram este texto e que de alguma forma me disseram coisas destas ou afins porque nós os doentes oncológicos sabemos perfeitamente que a intenção das pessoas que dizem este tipo de coisas, é tão somente ajudar-nos e dar-nos algum contributo positivo e por isso eu entendo e compreendo este tipo de coisas... e não fico a pensar mal das pessoas que têm estas asserções... mas muitas vezes a única ajuda que nos podem mesmo dar é apenas ouvir-nos... pois ao escutarem-nos sabemos que estão ao nosso lado a ouvir-nos e isso conforta-nos muito mais do que possam pensar....
Tenham uma boa semana!
Primeiro, cada tipo de cancro é distinto e não tem comparação com os outros que conhecemos... nem nas características, nem no tratamento, nem na progressão da doença, aliás... o mesmo tipo de cancro tem evoluções distintas em cada caso, pois a complexidade é tão grande que até o tecido onde o tumor se forma, tem influência na progressão..... depois caiam na realidade, o positivismo não cura..., o cemitério está cheio de pessoas que acreditavam que se iam curar.... e parem de dizer as pessoas com cancro o que elas devem dizer e pensar... é inútil e deixa as pessoas angustiadas...
Por fim quero pedir desculpa a todos o que leram este texto e que de alguma forma me disseram coisas destas ou afins porque nós os doentes oncológicos sabemos perfeitamente que a intenção das pessoas que dizem este tipo de coisas, é tão somente ajudar-nos e dar-nos algum contributo positivo e por isso eu entendo e compreendo este tipo de coisas... e não fico a pensar mal das pessoas que têm estas asserções... mas muitas vezes a única ajuda que nos podem mesmo dar é apenas ouvir-nos... pois ao escutarem-nos sabemos que estão ao nosso lado a ouvir-nos e isso conforta-nos muito mais do que possam pensar....
Tenham uma boa semana!
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