Na nossa actual cultura e sociedade está de alguma forma implícito que sentir
algumas emoções é mau. Não devemos mostrar-nos tristes e o choro deve
ser evitado, existindo uma pressão social para estarmos sempre bem
dispostos e sorridentes, para isso evitam-se as situações que de qualquer forma possam gerar sofrimento, chamam-lhe energias negativas e fogem delas... tentam viver ad eternum em felicidade plena... e como isso não existe vive-se numa espécie de ilusão forçada que só tem feed back nas redes sociais como o facebook e instagram, pois aí sim pode-se construir uma vida de sonho para mostrar aos nossos amigos, os quais, de uma forma geral, fazem a mesma coisa... e descobrimos que afinal somos todos felizes e temos todos vidas de sonho....
Mas a realidade é muito diferente disso... as emoções vivem par a par connosco, fazem parte da nossa sensibilidade pessoal... e muitas vezes é nos extremamente difícil conseguir travá-las, outras vezes é mesmo necessário deixarmos que a emoção nos deite abaixo para depois nos podermos reconstruir com as novas realidades...
Em termos emocionais costuma-se designar o processo oncológico como uma montanha russa, pois no espaço que medeia entre o inicio do diagnóstico e a partida da morte muita coisa se passa, mais ou menos conforme cada sobrevida de cada situação... pois nós não somos diagnosticados e morremos no dia seguinte... Não! Todos temos um, mais ou menos, longo caminho a percorrer até partirmos...
No day after começa o processo, há alturas em que conseguimos desfocar completamente da doença e sentimo-nos bem, normais.. quase como se nada se passasse... é normal... é humano... eu diria que é mesmo uma necessidade... outras vezes aflora do nada um simples pensamento e abre-se a torneira da emoção em modo autónomo, crava-nos com as suas garras poderosas e só nos larga quando quer... a alegria dá lugar à tristeza mórbida que por sua vez dá lugar a um estado semi-depressivo de medo, tristeza, desgosto, raiva, desespero... sei lá... um leque tão vasto de emoções que se torna difícil de explicar por palavras, é a célebre "montanha russa" dos doentes oncológicos.
No day after começa o processo, há alturas em que conseguimos desfocar completamente da doença e sentimo-nos bem, normais.. quase como se nada se passasse... é normal... é humano... eu diria que é mesmo uma necessidade... outras vezes aflora do nada um simples pensamento e abre-se a torneira da emoção em modo autónomo, crava-nos com as suas garras poderosas e só nos larga quando quer... a alegria dá lugar à tristeza mórbida que por sua vez dá lugar a um estado semi-depressivo de medo, tristeza, desgosto, raiva, desespero... sei lá... um leque tão vasto de emoções que se torna difícil de explicar por palavras, é a célebre "montanha russa" dos doentes oncológicos.
Então o doente oncológico vivendo nesta montanha russa emocional que pode fazer?
Viver ao sabor da montanha russa ou viver com a montanha russa.
É que meus amigos, é impossível eliminar esta gradação emotiva no dia a dia mas é possível conviver com ela de uma forma mais ou menos saudável... para isso é necessário algum treino... e sobretudo aprender a identificar quando podemos e devemos travar as emoções e quando as devemos deixar extravasar... esse é o ponto fulcral ou o busílis da questão....
Viver ao sabor da montanha russa ou viver com a montanha russa.
É que meus amigos, é impossível eliminar esta gradação emotiva no dia a dia mas é possível conviver com ela de uma forma mais ou menos saudável... para isso é necessário algum treino... e sobretudo aprender a identificar quando podemos e devemos travar as emoções e quando as devemos deixar extravasar... esse é o ponto fulcral ou o busílis da questão....
É que se vivermos sempre com a emoção à flor da pele, paramos na doença, antecipamos o fim, antecipamos o sofrimento e não deixamos sequer que outros sentimentos ocupem o seu espaço natural pois a emoção domina tudo.. Ninguém consegue levar a sua vida para a frente se se deixar levar permanentemente pela emoção... O doente oncológico deve combater o mais possível este princípio, e tentar dominar a emoção é o primeiro passo para levantar cabeça, para começar a caminhada para a frente... independentemente do diagnóstico... Mesmo nos mais negros... Porque a emoção a maior parte das vezes derrota-nos, deixa-nos num estado miserável de autopiedade que é de todo evitável... e as consequências já as conhecemos...
Na minha experiência pessoal, tento viver com esta emotividade mas da forma mais controlada possível, muitas vezes só o consigo desfocando a minha atenção para outras coisas tais como o trabalho, hobbies, etc... É sempre esta a forma como consigo melhor lidar com a emoção.
No entanto há alturas que temos mesmo de deixar vir a emoção ao cimo porque enfrentamos fases de luto, porque temos que lidar com as perdas e todos os dias ou quase todos o doente oncológico se confronta com situações de perda, perda porque subiu a tensão quando estávamos com tudo controlado, perda porque desceram as plaquetas e não há medicamento nenhum para as subir, perda porque um doente nosso conhecido, com o mesmo tipo de cancro que nós, partiu e deixou um vazio e um aviso que nos remete para a nossa própria morte... perda por ver que temos de deixar de fazer coisas que gostávamos... e provavelmente nunca mais as poderemos fazer... perda por verificarmos que temos uma nova situação com novas limitações.. tanto motivos possíveis... perda porque o cancro avançou e nós não o esperávamos, outras vezes até o esperávamos mas isso não diminuiu em nada a nossa perda...
O processo oncológico é um processo de lutos e de perdas permanente, a todo o tempo vão existir situações de perda.. pelo que é fundamental tentar controlar a forma como vivemos e resolvemos interiormente estas perdas e consequentemente as emoções que lhes estão intrínsecas... quando enfrentamos as perdas temos de abrir as portas da emoção para curar e lamber as feridas, muitas vezes é necessário chorar para aplacar as nossas angustias... é necessário...é humano... é uma das formas de auto cura natural... mas convém que o saibamos fazer, de uma forma controlada, isto é.... quando é mais cómodo, quando estamos sozinhos e podemos desabafar ou então quando estamos com alguém com quem nos sentimos melhor... tudo isto depende caso a caso...
Já houve situações em que não consegui controlar a emoção e foi complicado e angustiante. Lembro-me uma vez que vinha no metro em Lisboa, ocorreu-me um pensamento que me provocou lágrimas, o metro vinha cheio e senti os olhos rasos de lágrimas, algumas ainda caíram... as pessoas aperceberam-se e senti-me mal... mas limpei os olhos e recuperei a postura... depois mais tarde quando estava sozinho e à vontade relembrei o pensamento e voltei a emocionar me mas desta vez estava à vontade e deixei soltar toda a emoção... bati no fundo e reconstrui-me com mais segurança... chorar faz bem... mas quando queremos... porque se for desordenadamente não conseguimos fazer nada....
Com o tempo aprendi a controlar as emoções e quando começo a sentir que um pensamento me vai provocar emoção imediatamente tento focar me noutro assunto e costuma resultar.... Depois assim que fico com mais privacidade.... revivo o pensamento e deixo fluir.... ou seja, não se trata de bloquear a emotividade, trata-se de a tentar controlar de forma a que venha quando nós a estamos mais aptos a sentir... e a aproveitar para que essa emoção nos toque de forma mais construtiva e menos destrutiva...
Isto não se consegue de um dia para o outro.... há ainda situações que não domino e haverão sempre algumas que não dominarei, mas o facto é que com algum treino consigo controlar minimamente a parte emocional, não a espartilhando mas controlando-a de forma a conseguir viver com ela de uma forma menos dramática e sobretudo a evitar que a emoção domine a minha vida e me ampute daquilo que pretendo fazer e sonhar no tempo que disponho... ter ainda alguns momentos de eternidade e viver o tempo que me resta junto de quem amo com o melhor bem estar possível e sem dramatismo.....
Carpe Diem!
No entanto há alturas que temos mesmo de deixar vir a emoção ao cimo porque enfrentamos fases de luto, porque temos que lidar com as perdas e todos os dias ou quase todos o doente oncológico se confronta com situações de perda, perda porque subiu a tensão quando estávamos com tudo controlado, perda porque desceram as plaquetas e não há medicamento nenhum para as subir, perda porque um doente nosso conhecido, com o mesmo tipo de cancro que nós, partiu e deixou um vazio e um aviso que nos remete para a nossa própria morte... perda por ver que temos de deixar de fazer coisas que gostávamos... e provavelmente nunca mais as poderemos fazer... perda por verificarmos que temos uma nova situação com novas limitações.. tanto motivos possíveis... perda porque o cancro avançou e nós não o esperávamos, outras vezes até o esperávamos mas isso não diminuiu em nada a nossa perda...
O processo oncológico é um processo de lutos e de perdas permanente, a todo o tempo vão existir situações de perda.. pelo que é fundamental tentar controlar a forma como vivemos e resolvemos interiormente estas perdas e consequentemente as emoções que lhes estão intrínsecas... quando enfrentamos as perdas temos de abrir as portas da emoção para curar e lamber as feridas, muitas vezes é necessário chorar para aplacar as nossas angustias... é necessário...é humano... é uma das formas de auto cura natural... mas convém que o saibamos fazer, de uma forma controlada, isto é.... quando é mais cómodo, quando estamos sozinhos e podemos desabafar ou então quando estamos com alguém com quem nos sentimos melhor... tudo isto depende caso a caso...
Já houve situações em que não consegui controlar a emoção e foi complicado e angustiante. Lembro-me uma vez que vinha no metro em Lisboa, ocorreu-me um pensamento que me provocou lágrimas, o metro vinha cheio e senti os olhos rasos de lágrimas, algumas ainda caíram... as pessoas aperceberam-se e senti-me mal... mas limpei os olhos e recuperei a postura... depois mais tarde quando estava sozinho e à vontade relembrei o pensamento e voltei a emocionar me mas desta vez estava à vontade e deixei soltar toda a emoção... bati no fundo e reconstrui-me com mais segurança... chorar faz bem... mas quando queremos... porque se for desordenadamente não conseguimos fazer nada....
Com o tempo aprendi a controlar as emoções e quando começo a sentir que um pensamento me vai provocar emoção imediatamente tento focar me noutro assunto e costuma resultar.... Depois assim que fico com mais privacidade.... revivo o pensamento e deixo fluir.... ou seja, não se trata de bloquear a emotividade, trata-se de a tentar controlar de forma a que venha quando nós a estamos mais aptos a sentir... e a aproveitar para que essa emoção nos toque de forma mais construtiva e menos destrutiva...
Isto não se consegue de um dia para o outro.... há ainda situações que não domino e haverão sempre algumas que não dominarei, mas o facto é que com algum treino consigo controlar minimamente a parte emocional, não a espartilhando mas controlando-a de forma a conseguir viver com ela de uma forma menos dramática e sobretudo a evitar que a emoção domine a minha vida e me ampute daquilo que pretendo fazer e sonhar no tempo que disponho... ter ainda alguns momentos de eternidade e viver o tempo que me resta junto de quem amo com o melhor bem estar possível e sem dramatismo.....
Carpe Diem!
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