O cancro não é só por si um estado de alma, nem um conjunto de emoções, o cancro é um processo... mais curto ou mais longo conforme a esperança de vida de cada um.... um processo lento de assimilação de perdas.
No inicio quando nos deparamos com o diagnóstico sentimos uma grande, uma enorme perda! Sentimo-nos como se tivéssemos perdido tudo... e é uma perda tão grande que não conseguimos fazer praticamente nada... sentimo-nos perdidos e desorientados... incapazes de raciocinar e sobretudo de absorver seja o que for.. porque a perda é tão grande que não a conseguimos processar... Nessas alturas ficamos completamente dependentes do instinto natural de sobrevivência.
No meu caso eu nunca tinha ido a um psicólogo, nem sequer me passava pela cabeça pois até aí eu sempre tinha conseguido resolver todos os meus problemas sozinho... sem questões de maior... Mas naquela altura o desespero e a confusão foram tão grandes que eu tive necessidade de consultar um: à procura de alguma ajuda, pois sentia que o problema era demasiado grande para mim... O instinto de sobrevivência levou-me a procurar ajuda... mesmo sem saber se estava a fazer bem ou mal...
Numa segunda fase, quando nos começamos a habituar à ideia, vamos conseguindo separar as coisas, delimitá-las, como se conseguíssemos cortar o tempo que nos resta em fases. E tentamos situar-nos numa das fases, no meu caso, como existem 3 linhas de tratamento, comecei logo a ver aí uma divisão para me situar.... e claro "agarrei-me" logo ao facto de estar ainda na 1ª linha.... e comecei a tentar sentir algum conforto com isso... a lei da sobrevivência é qualquer coisa de muito forte... ela leva-nos a mudar tudo dentro de nós, no sentido de continuarmos vivos.... é comum ver as pessoas em fase terminal a depositarem esperança em tratamentos, cirurgias e alternativas que as pessoas que estão de fora, na sua lucidez, sabem que são esperanças vãs. Todos nós achamos uma perfeita loucura a pessoa estar a acreditar numa esperança tão vã e tão inverossímil mas é mesmo assim, toda essa loucura que não conseguimos entender é apenas o instinto de sobrevivência a atuar.... hoje não duvido... o Homem nasceu para sobreviver.... é o grande vetor que nos move e que nos determina... o resto são mero efeitos de percurso.... porque no final o que importa mesmo é a sobrevivência.....
Começamos por determinar fases e depois de nos encaixarmos numa fase, ainda a subdividimos mentalmente, para com isso ganharmos mais espaço, vamos até ao minúsculo e vivemos um dia de cada vez.... Embora esta frase seja ultimamente muito usada, poucos sabemos o que é mesmo viver um dia de cada vez...é necessário estarmos "encurralados" para conseguirmos viver numa aproximação do dia de cada vez...Ninguém no seu estado normal, sem ter um grande problema, consegue viver um dia de cada vez... por mais que pensem que sim... enganam-se, porque muitas vezes dizemos que estamos a viver um dia de cada vez mas, simultaneamente, o nosso inconsciente vive no pressuposto da eternidade.
Pessoalmente, apenas consigo viver um dia de cada vez: abstraindo-me das coisas, focando-me nas tarefas diárias, principalmente no trabalho porque como o mesmo exige concentração é uma ótima terapia para me conseguir abstrair do resto, da doença, da incerteza do futuro, etc.. Por isso, eu tento o mais possível continuar com as minhas rotinas diárias, principalmente o trabalho...
O instinto de sobrevivência leva-me a pensar apenas que ainda estou na primeira linha, sei perfeitamente que num prazo, mais ou menos, breve vou deixar esta linha e iniciar um novo medicamento... mais forte e com mais efeitos secundários... sei perfeitamente que mesmo essa segunda linha vai um dia também deixar de fazer efeito e iniciarei o ultimo percurso em termos de medicação... sei que essas linhas se esgotarão mais depressa do que esta em que estou... mas ao mesmo tempo tento não pensar nisso, tento focar-me no facto de ainda estar na 1ª linha e viver o mais intensivamente que posso....Para quê sofrer por antecipação?
Esta questão não é apenas útil para quem tem cancro, aplica-se em infinitas situações das nossas vidas e pode fazer a diferença entre entrar em estados depressivos e encarar a vida de frente de uma forma positiva!
O instinto de sobrevivência vive dentro de nós... faz parte da nossa natureza humana, há que aproveitar esse instinto e transformá-lo numa terapia de motivação para a vida, ele está lá... só necessita que o deixemos vir ao cimo e dar lhe asas para voar!
Começamos por determinar fases e depois de nos encaixarmos numa fase, ainda a subdividimos mentalmente, para com isso ganharmos mais espaço, vamos até ao minúsculo e vivemos um dia de cada vez.... Embora esta frase seja ultimamente muito usada, poucos sabemos o que é mesmo viver um dia de cada vez...é necessário estarmos "encurralados" para conseguirmos viver numa aproximação do dia de cada vez...Ninguém no seu estado normal, sem ter um grande problema, consegue viver um dia de cada vez... por mais que pensem que sim... enganam-se, porque muitas vezes dizemos que estamos a viver um dia de cada vez mas, simultaneamente, o nosso inconsciente vive no pressuposto da eternidade.
Pessoalmente, apenas consigo viver um dia de cada vez: abstraindo-me das coisas, focando-me nas tarefas diárias, principalmente no trabalho porque como o mesmo exige concentração é uma ótima terapia para me conseguir abstrair do resto, da doença, da incerteza do futuro, etc.. Por isso, eu tento o mais possível continuar com as minhas rotinas diárias, principalmente o trabalho...
O instinto de sobrevivência leva-me a pensar apenas que ainda estou na primeira linha, sei perfeitamente que num prazo, mais ou menos, breve vou deixar esta linha e iniciar um novo medicamento... mais forte e com mais efeitos secundários... sei perfeitamente que mesmo essa segunda linha vai um dia também deixar de fazer efeito e iniciarei o ultimo percurso em termos de medicação... sei que essas linhas se esgotarão mais depressa do que esta em que estou... mas ao mesmo tempo tento não pensar nisso, tento focar-me no facto de ainda estar na 1ª linha e viver o mais intensivamente que posso....Para quê sofrer por antecipação?
Esta questão não é apenas útil para quem tem cancro, aplica-se em infinitas situações das nossas vidas e pode fazer a diferença entre entrar em estados depressivos e encarar a vida de frente de uma forma positiva!
O instinto de sobrevivência vive dentro de nós... faz parte da nossa natureza humana, há que aproveitar esse instinto e transformá-lo numa terapia de motivação para a vida, ele está lá... só necessita que o deixemos vir ao cimo e dar lhe asas para voar!
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