quarta-feira, 21 de março de 2018

Os efeitos secundários


Depois que iniciei os tratamentos, entrei no hospital Amadora-sintra, passei para o IPO e então finalmente as situação começou a estabilizar...
Mas entretanto os efeitos secundários do sunitinib foram aumentando e por volta de Novembro estavam ao rubro.

Sensação permanente de fadiga, hipertensão, calosidades tóxicas dolorosas nos pés e nas mãos (síndrome de mão-pé), tonturas, aftas, náuseas, pele amarela em todo o corpo, acido úrico acima dos limites, aumento de peso, inchaço e retenção de líquidos, queda do nível das plaquetas, diminuição dos glóbulos brancos... aumento dos triglicéridos (chegaram aos 900 quando o máximo é 150), dores na boca,  ardor quando lavava os dentes, azias, etc.. etc.. etc...

Mas atenção... apesar de tudo isto continuei sempre a trabalhar... muitas vezes era um esforço sobre humano levantar-me de manhã... mas tinha que ser... o síndrome de mão-pé obrigou-me a reduzir as caminhadas e mesmo a suprimir algumas ao fim de semana, mas como tomava 4 semanas e descansava 2, assim que os efeitos diminuíam lá ia eu todo contente ao sábado de manhã para caminhada, as vezes semi-nauseado... com os pés cheios de creme e meias grossas para não me doerem tanto.... 
Por causa da inflamação nos pés quando chegava ao fim do ciclo quase não conseguia andar e uma das vezes fiquei em casa porque era impossível ir trabalhar, mas não dei tréguas, trabalhei toda a semana em casa por acesso remoto...

Os ciclos eram neste medicamento de 4 semanas a tomar e 2 a descansar, as duas de descanso passavam rapidíssimo e as 4 a tomar eram uma eternidade... lembro me que nas duas semanas de descanso mais ou menos ao 3º dia começava tudo a desaparecer eu começava a sentir me uma pessoa normal... que sensação tão boa e ao mesmo tempo tão estranha... sentir-me normal!

Nunca pensei em desistir, em ficar em casa sem fazer nada... suportei as dores e o resto dos efeitos (e ainda suporto, embora actualmente sejam menores), mas nunca desisti... eu acho que esse é o verdadeiro segredo de conseguirmos viver com isto... é nunca desistir... claro que também não devemos ser masoquistas... Por vezes temos que ter a consciência de que existem limites até para a nossa  teimosia.

As minhas terapias são o trabalho, as caminhadas, as viagens... Trabalhar tem sido para mim uma das maiores terapias, porque trabalhar faz-me sentir normal... faz-me sentir útil... faz-me sentir que ainda faço parte do mundo dos vivos! As caminhadas e o montanhismo fazem-me sentir feliz mesmo com todo o panorama que me rodeia....

A quem passa por estes processos o meu conselho é que não desistam das vossas rotinas, nem dos vossos hobbies, não deixem de trabalhar... mesmo que isso vos custe, não trabalham tanto... trabalham menos... mas não fiquem parados, prossigam com as coisas que vos dão prazer... se não conseguem fazer a 100% fazem a 70%, a 40% ou mesmo a 20% mas façam.... porque a diferença entre seguir vivo e entregar-se à morte é o continuar a fazer....seja o que for...

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