terça-feira, 27 de março de 2018

Pazopanib, a alternativa e o regresso às Caminhadas


Nos primeiros meses de 2017, os efeitos do Sunitinib estavam a retirar-me bastante qualidade de vida, além de todos os habituais efeitos secundários, o cansaço era cada vez maior, era-me cada vez mais difícil fazer caminhadas com mais 15 kms e as subidas tornavam-se um tormento... de tal forma que comecei a fazer caminhadas apenas quando estava no período de descanso e mesmo assim era quase uma penitência...outros fatores ainda como hipertensão e outros fizeram com que a médica me propusesse a mudança para um medicamento alternativo, o pazopanib que é também um inibidor de angiogénese da mesma linha do medicamento que estava tomar apenas com a diferença que este não tem período de descanso, toma-se todos os dias sem paragens, mas apesar disso é mais facilmente tolerável pelos doentes.

Ela já tinha por diversas vezes abordado esta mudança mas eu opunha-me, pois apesar dos artigos que lia na internet dizerem todos que os dois medicamentos tinham eficácia semelhantes e nenhum estudo havia concluído que um fosse melhor que o outro, eu nas pesquisas que fazia via sempre mais casos de longevidade do sunitinib do que no pazopanib e como sabia que o custo deste ultimo era inferior sempre pensei que fosse política do IPO administrar este por uma questão económica. Mas entretanto percebi e mais que um medico me explicou em consultas de 2ª opinião que a razão porque se viam  mais casos do sunitinib era porque este medicamento era anterior ao sunitinib, pois o primeiro havia começado em 2007 e este em 2011, e os estudos da internet já tinham 2 ou 3 anos daí que os casos de longevidade fossem mais numerosos de um medicamento que de outro...

Assim, aceitei a mudança e os reflexos foram quase imediatos, ao fim de poucas semanas eu já tinha outra qualidade de vida completamente diferente, o síndrome de mão-pé diminuiu muitíssimo, as tonturas e náuseas passaram a ser muito menos, as dores na boca desapareceram e praticamente todos os efeitos se reduziram, com exceção das diarreias que são o efeito mais relevante deste medicamento.

Esta mudança foi como um renascer... continuei com excesso de peso, algum inchaço, a pele deixou de estar amarela mas agora começou a ficar cada vez mais branca... de tal forma que no aeroporto perguntam-se sempre se falo português, eu um gajo tipicamente mediterrânico moreno e de cabelo preto a revelar as minhas origens do sul... agora passo por norte europeu... o cabelo preto passou a castanho claro, de cabelo forte e farto passou a fraco e pouco e a pele branqueou muitíssimo desde que mudei o medicamento, há relatos de indivíduos de raça negra que passaram a mulatos claros com este medicamento... agora no fim de velho, quase louro e pele branquinha... ele há coisas... (risos).

Em consequência desta melhoria, recomecei a fazer caminhadas quase todos os fins de semana como antes... senti-me o ser mais feliz do mundo, era como se Deus me estivesse a dar uma segunda oportunidade de ainda ter uma vida quase normal.....

Nesta nova condição física e anímica senti-me tentado a voltar aos Alpes... falei com a minha médica que tem sido maravilhosa na forma como me dá força a continuar a fazer as coisas que me dão prazer... e ela respondeu-me, mas porque é que não vai? ... e claro com a força que ela me deu lá marquei um subida até aos Alpes Italianos, no maciço do Gran-Paradiso... Mas isso fica para o próximo artigo...

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